Viajar em imagens é a proposta da Chica e seu neto Neno aqui: /chicabrincadepoesia, acontece nos dias 5, 15 e 25 então com a imagem de hoje uma viagem critica com um retorno ao passado de feliz idade. Vamos lá nesta imagem abaixo, mas sem cinto de segurança, sem capacete, sem "air bag", pois era bem assim e sobrevivemos.
“Eu
daria tudo que tivesse, para voltar os dias de criança”.
Trecho
de uma canção, que conheço desde criança e percebi que a saudade do compositor
é a mesma minha de uma infância livre num pequeno interior de Minas Gerais. A
imagem dos carrinhos embora mais estilizados veio despertar a saudades dos meus
carrinhos feitos com os rolamentos usados da Cia Vale, os meninos da vila
ganhavam para brincar.
Carrinhos
sem freios pelas ruas de terra e de pouquíssimos veículos, o que deixavam as
mães menos preocupadas. Também construíamos as patinetes. Nossos brinquedos
eram frutos da criatividade no aproveitar materiais, pois brinquedos prontos
eram inacessíveis exceto por época do Natal, distribuídos pela Vale aos filhos
dos operários das minas.
Os
carrinhos variavam entre o de sentar como os da imagem e os feitos com
caixotes, usados no transporte de coisas ou mesmo as compras feitas no armazém
da vila, que geralmente era uma atribuição dos meninos, usando uma caderneta de
anotação da divida.
No
tempo viajei pelas ruas vermelha, a poeira encobriu meus olhos, que resgatavam
emoções daqueles meninos em algazarra, buzinando com as bocas nas manobras
arriscadas pela rua. A poeira abaixou, voltei ao presente com todas as tecnologias.
Cabisbaixo desci pela rua, agora asfaltada e sinalizada, sentado no carrinho, e
vi os novos meninos da vila, compenetrados nos seus celulares, em suas varandas
gradeadas trocavam mensagens, jogavam “On line”, pareciam meninos
robotizados, eram tristes.
Assim
eu cheguei à casa onde nasci abri o pesado portão de ferro e vi ali no canto do
muro os restos de um carrinho feito de rolamento e madeira. Meu olhar fez uma
varredura e outros brinquedos espalhados pelo chão cimentado, pareciam peças de
museu de minha infância incrustada numa mangueira no fundo do quintal, cercada
pelas arvores frutíferas onde os passarinhos faziam seus ninhos indiferentes
aos alçapões, que ali armava.
Fechei
a porta que adentra a casa e também meus olhos sobre o passado. Pensativo e
hoje lento subi contando os degraus da escada e repousei numa poltrona em
frente à moderna radiola e coloquei um velho “long play” a girar sobre ela,
depois a agulha desceu sobre ele e me trouxe uma canção do passado, que me fez
adormecer nos braços das saudades com um desfile de imagens de minha doce e
bela infância.
Toninho
15/12/2017
Desejo a você
o melhor de bom
Grato sempre.
Nota: devido fim de ano estou atrasado com vários amigos que amo ler, mas pode ter certeza, que passarei por lá e deixarei meu carinho. Desculpe.