Policarpo (56) é um cidadão
comum bem educado e calmo. Habilidoso encanador e presta pequenos serviços de
outras áreas no condomínio, sempre com preços abaixo das empresas prestadoras.
Todos gostam de Policarpo, pois ele sempre socorre as pessoas, daqueles chatos problemas
domésticos de fim de semana. Atua sempre com bom humor, diz que seu nome é
trabalho, por isso mesmo não rejeita chamadas.
Mora na comunidade próxima
com sua pequena família constituída da esposa e um casal de filhos alunos da
escola publica. Algumas vezes seu filho (nas constantes greves do ensino
publico) o acompanha para já aprender o oficio e não ficar pelas ruas da
comunidade, aprendendo o que não presta. Quando isto acontece, as pessoas sempre
acariciam o menino com alguma coisa como brinquedo, roupas usadas. Assim é a
vida do prestativo, simples e educado senhor. Por isso mesmo alguns o chama de
marido de aluguel, mas não gosta dessa brincadeira.
Numa manhã o Policarpo sentiu
tontura no trabalho, assustada a dona do imóvel, ofereceu para leva-lo ao posto
medico, ele disse que não era nada. Mas ela não concordou e logo pegou a chave
do carro e a sacola de ferramentas dele e seguiram para o posto medico. Lá ela
se assustou com o numero de pessoas doentes aguardando atendimento. Foi à
recepção, recebeu a senha 28 e viu que estava na numero 05. Sentiu um vazio e
tristeza daquela situação. Constantemente ela olhava para o relógio e o placar
de senhas inerte. As pessoas reclamavam da morosidade e falta de conforto. O
celular tocou e ela saiu ligeiramente da sala. Voltou preocupada e falou para Policarpo,
que tinha de ir, pois o filho não teria a ultima aula na escolinha. Ele
agradeceu, falou que estava bem para aguardar. Ela olhou pela ultima vez o inerte
placar na senha 23.
As horas passam e a senha 27
às 12 horas é chamada, alivio para Policarpo, que sentia fome, pois tinha saído
cedo sem alimentação costumeira. Após alguns minutos a porta se abriu. O
coração de Policarpo dá pulos de alivio, seria o próximo. Pega a sacola e
prepara para ser chamado. Neste instante uma voz no sistema de comunicação, avisa
que o restante das senhas seria atendido após as 14 horas, pois o medico sairia
para almoçar. Todos ficaram de bocas abertas com cara de indignação geral. O
sangue subiu à cabeça de Policarpo, que num ímpeto de fúria, abriu a sacola e
com um martelo, distribuiu martelada pela sala, quebrando paredes, mesas,
bebedouro e placar monitor. O homem virou bicho diziam as pessoas correndo. Médicos
e enfermeiras fugiram pelos fundos pedindo socorro aos seguranças, que entraram
e imobilizaram Policarpo que gritava exigindo respeito dos médicos, que deveriam
cumprir horário de chegada e atender melhor o povo pobre. Algemado ele foi
jogado numa viatura e levado para a delegacia próxima.
Mais tarde, a senhora ligou
para saber da consulta, mas o celular de Policarpo não atendia como fora de
área ou desligado. Tentou mais vezes e sem sucesso, dirigiu-se ao posto. Quando
chegou se assustou com a quebradeira, no que foi informada da reação súbita do senhor
da senha 28. Sem acreditar, ela ratificou a calma e a educação do Policarpo.
Então um segurança lhe informou, que ele estava na delegacia do bairro, para se
acalmar. Ela sentiu uma pontada no peito. Triste dirigiu-se para o carro,
sentou, respirou e ligou para o marido que é advogado e seguiu apressada para a
delegacia.
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Apenas um exercicio, mas fatos acontecem frequentemente, porque é real a situação da saude publica e às vezes até na particular(privada).
Cabe policiar nossas emoções nestas situações constrangedoras.
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Uma linda semana para todos.