A menina do rio.
A pescaria é uma atividade
prazerosa em pequenas cidades onde passam rios ou córregos, mas pescaria de
barranco uso de varas. Para muitos um lazer e para outros o sustento da
família. Vem desta prática a onda de mentiras atribuídas aos pescadores. Cresci
ouvindo as mais estranhas historias das noites de pescaria. Por isso mesmo só
pescava pelo dia.
Na minha região os
pescadores eram cheios de crendices. Lembro que alguns tinham por crença,
cortar a primeira isca (minhoca) com os dentes para depois coloca-la no anzol,
pois assim seria bem sucedida a pescaria e juravam de dedos cruzados, que
funcionava e eu cri e obedeci e juro, que foi uma farta pescaria.
Numa de minhas férias
escolares sempre na casa da Vó, saímos para pescar pela noite, pois havia a
indicação de um bom pesqueiro num córrego ali perto, fartura de peixes como
Lambaris, Mandis, Bagres e Trairas. Preparamos tudo no fim da tarde, anzóis,
varas e as famosas minhocas puladeiras, que são as mais atrativas pelos peixes.
Quando o Sol sumiu atrás da serra, sai com os primos, despedimos da Vó com
promessa de almoço no dia seguinte com peixe frito passado no fubá. Minha avó
adorava esta maneira, era uma boa pescadora, mas nunca pescava pela noite. Sempre
tinha suas crenças com a noite e as assombrações.
Seguimos até o córrego, levando
facão, lanterna e o embornal com merenda. Preparamos a área com o facão e
armamos as varas sob nossos olhos atentos para a fisgada. Horas se passaram e
nada de peixe, o primo fez uma reza e nada de peixe, apenas um cágado foi
fisgado, mas lançado longe ao córrego, pois segundo ele se um cágado é fisgado,
o pescador não pesca mais nada. Assim se aproximava da meia noite e nada de
peixe. O mais velho falava mal a má sorte. Foi aí que sentimos uma rajada de vento
tombando o capinzal e vimos uma menina branquinha de cabelos dourados
caminhando sobre as águas. Com uma voz suave ela disse que o córrego estava
cheio de peixes, mas que pescador não sabia pescar. Não sabemos como terminou, nem
como alcançamos o caminho de volta, chegamos a casa sem peixes e varas e suados
como uma mula velha. Contamos o fato e ninguém na casa acreditou na historia.
Ainda hoje quando vou por
aquela região e passo pelo local, ainda sinto aquele frio na pele naquela infeliz
pescaria.
Juro que foi assim.
Toninho.
Historias que meu pai
contava e que minha irmã Joaquina fica relembrando.
***************************************************************************
http://recantodosautores.blogspot.com.br/2012/08/recanto-entrevista-toninho-bira.html
***************************************************************************
Se quer saber um pouco de mim,
Clic no link abaixo e vá até o blog da querida Anne Lieri.
Clic no link abaixo e vá até o blog da querida Anne Lieri.
http://recantodosautores.blogspot.com.br/2012/08/recanto-entrevista-toninho-bira.html